6 de mai. de 2013

Deu na imprensa

Famílias invadem terreno no Jd. Inamar, em Diadema Diário do Grande ABC

Tauana Marin
do Diário do Grande ABC

Cerca de 300 famílias ligadas ao MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) invadiram na madrugada de ontem um terreno particular ao lado da caixa d'água do Jardim Inamar, em Diadema. Acampados em barracas de lona e plástico, os ocupantes cobram da Prefeitura posição sobre a desapropriação de uma área de 10 mil metros quadrados na Rua Apóstolo Pedro, que estaria destinada à construção de casas populares. No local funciona atualmente um estacionamento irregular.

Segundo o coordenador geral do movimento, Ivanildo Silva, a gestão de Lauro Michels (PV) já requereu, por duas vezes, a interrupção do projeto, cujo objetivo é construir moradias com recursos do Minha Casa, Minha Vida Entidades - que prevê financiamento para famílias com renda de até R$ 1.600. "O dinheiro para compra do terreno foi depositado em juízo, cerca de R$ 540 mil, recurso proveniente do Fumaps (Fundo Municipal de Apoio à Habitação de Interesse Social) de Diadema. Mas, neste início de ano, a Prefeitura parou o processo. A nova gestão pediu 60 dias para o juiz responsável pelo caso, a fim de repensar a medida", explica.
O movimento teve início em 2008. Desde então realiza protestos e ocupações a fim de acelerar o processo para construção de moradias. "Não queremos nada de graça. Queremos apenas financiar nossas casas de modo que a gente consiga pagar as parcelas", destaca o líder do MLB.
O projeto prevê a construção de 300 casas. A maioria das famílias vive de aluguel ou em casa de parentes. Elas pagariam parcela mínima de R$ 50 por mês (as que não têm como comprovar renda) ou destinariam 10% do salário para as prestações (no caso das que recebem R$ 1.600, R$ 160 seriam para o pagamento das parcelas mensais).
A operadora industrial Cátia Costa, 40 anos, marcava presença na ocupação junto com seus filhos e neto, de apenas 7 meses. "Moramos de favor e estamos lutando para conquistar essa oportunidade, de termos nossa casinha."
A dona de casa Maria Aparecida Pereira, 44 anos, também se mantinha no movimento. Ela, que mora de aluguel com mais oito pessoas, tentava driblar as adversidades. "Estou com fome, sede, sono. Mas, se não ficarmos aqui, nada vai acontecer." Ela paga R$ 480 de aluguel, e sobrevive com a pensão de seu marido, já morto. "Recebo um salário-mínimo (R$ 678). Fora água, luz e mercado. Não dá para viver assim. É por isso que quero minha casa, não to pedindo nada de graça, vou pagar por ela."
O vereador da cidade Ronaldo Lacerda (PT) esteve na tarde de ontem no acampamento. "Tínhamos um acordo na gestão passada e nesta há resistência. Queremos projetos habitacionais, soluções para famílias que vivem em situação díficil porque pagam um absurdo de aluguel. Elas têm direito a casa própria."
A costureira Rita Maria Santos, 53 anos, lamenta a situação das famílias, que assim como ela, moram em situação precária. "Muitos de nós vivem em casas sem estrutura alguma. E o pior, pagando um aluguel alto. Sei de pessoas que, por não conseguir emprego, saíram das casas alugadas e foram para as ruas, que não é lugar para ninguém. Se há como fazer moradias dignas de uma forma que consigamos pagar, por que não?"
Secretário se diz surpreso com ocupação
Na avaliação do secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano de Diadema, Eduardo Monteiro, a ocupação do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) no Jardim Inamar tem caráter político. "Fiquei surpreso com essa ação. Dirigentes desse movimento sempre foram recebidos. Eles sabem que o processo está no Fórum da cidade para avaliação do valor do terreno. Além disso, essa área que invadiram não é espaço de interesse."
Além da declaração do secretário, a relação entre a equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) de Diadema presente no local com os manifestantes não era das melhores. No início da manhã de ontem, as crianças que saíram do acampamento para irem a uma igreja próxima a fim de se alimentarem e fazer a higiene pessoal, não puderam retornar à área. Os pais tiveram que sair, abandonar o movimento e ir embora. "Eles estão barrando a entrada de comida. Estão dificultando ao máximo nossa permanência aqui", relata o coordenador do MLB, Ivanildo Silva.
No local há cerca de 50 barracas, uma cozinha improvisada e equipes de segurança e limpeza. "Há muitas crianças, precisamos manter algumas regras, como ausência de bebidas, brigas e baderna."
O movimento planeja para hoje, às 10h, ato no local com a presença de parlamentares para fazer um balanço da mobilização.
 

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